quinta-feira, 19 de maio de 2011

A Melancolia Polêmica de Lars Von Trier

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Ontem Cannes estava estado de alerta, afinal de contas, Lars Von Trier, um dos cineastas mais habituais e polêmicos do festival estava novamente na croisette para apresentar o seu novo filme “Melancholia”, um drama de ficção cientifica protagonizado por Kirsten Dunst e Charlotte Gainsbourg.

Em 2009, Von Trier foi vaiado em Cannes, ao apresentar “Anticristo” (filme que rendeu o prêmio de melhor atriz para Charlotte Gainsbourg) chegou a “ganhar” um “anti-prêmio” do júri ecumênico, atitude que levou a direção do festival a se desculpar declarando que a censura ia contra todos os princípios do festival. Este ano a situação se inverteu, Von Trier passou dos limites quando perdeu o controle de uma piada durante a coletiva de imprensa do filme. Perguntado sobre suas origens germânicas, Von Trier disse que se achava meio judeu, mas soube que isso não era verdade quando conheceu Susanne Bier, diretora do vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro “Em um mundo melhor”. Percebendo o erro, Trier se atrapalhou mais ainda e disse “bem, só quero dizer que entendo Hitler” daí, totalmente perdido, disparou uma pior que a outra, até desistir de tentar contornar a situação. Claro que tudo não passou de um infeliz momento de total equívoco de Von Trier, que horas depois pediu desculpas a pedido da direção do fesitval. Uma piada de extremo mau gosto, sem dúvidas, mas ainda assim uma piada sem fundamento. A imprensa divulgou amplamente o erro do dinamarquês, nem sempre se preocupando em explicar bem o fato. A enorme repercussão levou a direção do festival a declarar hoje que Lars Von Trier é persona non grata do festival, ou seja, mesmo que ganhe a palma de ouro, ou outro prêmio, não poderá comparecer ao palácio do festival para receber a honraria. O diretor, em tom de despedida, já declarou que vai sentir falta do festival, pediu novamente desculpas, e como bom polêmico que é declarou também que se sentia “meio orgulhoso” de ser a primeira pessoa a receber a punição na história do festival. A direção, afirmou por sua vez, que a punição vale somente por esta edição (resta saber se ele voltará a ser selecionado novamente) e que a decisão é da mesa diretora, o que não impede o júri de dar algum prêmio ao filme.

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Mas, falando sobre o que realmente importa: “Melancholia”, foi aplaudido após sua exibição, ao contrario do filme anterior do cineasta. A crítica elogiou muito a trilha sonora, a fotografia e os efeitos visuais do filme, quase que por unanimidade, mas como se trata de um filme de Von Trier nem todos foram favoráveis ao filme como um todo, alguns apontaram problemas no roteiro, classificando-o como previsível a ponto de não causar o mesmo impacto dos filmes anteriores do diretor, houve opiniões de que este se trata do filme mais fraco de sua carreira, assim como os que o defenderam como um novo grande filme por ele realizado. De certo modo, Lars Von Trier continua o mesmo, melancólico e com um senso de humor peculiar, sendo declarado como gênio por uns, e como uma farsa por outros. “Melancholia” tinha sim chances de vencer um prêmio como o de direção, ou até mesmo a Palma de Ouro, até porque ele “dialoga” com a vibe do festival desse ano, a mesma de filme como “A Árvore da vida” e “Hanezu” Porém, depois da repercussão negativa deixada pelo cineasta, acredito que isso não deva acontecer.

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Nota pessoal: Vou sentir falta do Lars Von Trier em Cannes!

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