sexta-feira, 13 de maio de 2011

Cannes 2011 - Os Filmes: Parte 2

A segunda parte do resumo comentando sobre os filmes selecionados para a mostra competitiva do festival de Cannes 2011, além dos comentários também adicionei sinopses, links para trailers ou cenas de divulgação e informações sobre os diretores, confiram, o festival deste ano está bem interessante!

"We Need to Talk About Kevin"
Filme inglês que adapta o livro Best-seller de 2003 escrito por Lionel Shriver, a direção do filme ficou por conta de Lynne Ramsay, diretora escocesa que em 1996 ganhou o prêmio do júri em Cannes pelo seu curta de estréia: “Pequenas Mortes”.
O filme retrata a relação de desprezo e ódio que Eva (Tilda Swinton) nutre pelo seu filho Kevin (Ezra Miller) que ao nascer interrompe sua carreira, aos 16 anos Kevin comete um crime de proporções inimagináveis. Eva então se encontra em meio à culpa e o sentimento materno que tem pelo seu filho, sentimento esse que ela não sabe dizer se é amor. O Filme ainda conta com John C. Reilly no elenco, como o pai de Kevin. Swinton é cotada desde já para receber o prêmio de melhor atriz. Teaser
 
“Sleeping Beauty”
Outro filme que trás em si um dos objetivos de renovação na edição do festival deste ano, é um dos 4 na mostra competitiva que tem uma mulher em sua direção, fato inédito até então, é também um filme de estréia, algo que não costuma acontecer muito na mostra competitiva e sim nas mostras secundarias. A estreante é Julia Leigh, uma escritora australiana, no elenco do filme destaque-se Emily Browning como Lucy, uma garota que para preencher um vazio existencial e superar problemas financeiros, aceita o trabalho de garota de programa. Uma historia muitas vezes já contada se não fosse pelo detalhe que Lucy toma um forte chá para dormir por horas, enquanto seus clientes podem realizar todas as fantasias sexuais que desejarem com seu corpo, sendo a penetração a única restrição. Segundo Julia Leigh o titulo “Bela Adormecida” não é apenas pela semelhança com a personagem infantil, mas também porque o filme é de seu modo, um novo conto de fadas sombrio. Trailer

“Drive”
O dinamarquês Nicolas Winding Refn se destacou nos últimos anos por fazer um cinema underground com um aspecto visual bastante próprio e rico, não ia demorar muito para seu nome chegar a Hollywood. “Valhalla Rising” Seu filme anterior esteve em Veneza e foi o passaporte de entrada final para uma produção norte americana. E “Drive”, sua primeira “grande” produção é formada por um elenco de nomes proporcionais, o excelente Ryan Gosling (Namorados para Sempre) e Carey Mulligan (Educação) protagonizam juntamente com Bryan Cranston (Breaking Bad) o filme que trás a historia de “Drive” (Gosling) um dublê que leva uma vida calma e anônima durante o dia, e a noite trabalha como piloto de fuga para a máfia, tudo vai bem até um trabalho por ele realizado falhar inesperadamente, o que o leva a ser perseguido pelo chefão da máfia, para sobreviver terá que fazer o que sabe de melhor: conduzir. Ainda participam do elenco: Christina Hendricks (Mad Men) e Ron Perlman (Hellboy) Cena de divulgação

“This Must Be the Place”
Paolo Sorrentino chamou atenção ao ganhar o prêmio do júri em 2008 pelo filme Il Divo” Retorna este ano a Cannes para apresentar a historia de um roqueiro aposentando, Cheyenne (interpretado por um impagável Sean Pean em estilo glam rock). Que retorna a Nova York após a morte do seu pai, onde descobre a humilhação que o falecido sofreu nas mãos de um oficial da SS em Auschwitz, parte então em uma jornada pela America, em busca do homem que humilhou seu pai para se vingar e redescobrir sua própria identidade. Pean, que também participa da competição com “A Árvore da Vida” é desde já um dos favoritos a melhor ator no festival. “This Must Be the Place” ainda trás em seu elenco os atores: Frances McDormand, Judd Hirsch e Harry Dean Stanton Teaser

"Hanezu no tsuki”
Não há muita coisa solida sobre o filme de Naomi Kawase na internet, a sinopse mais completa que encontrei é esta que vou reproduzir totalmente do site oficial do festival:
“A região de Asuka, em Nara, é o berço do Japão. Nela, há muito tempo atrás viviam os que se satisfaziam com o prazer de esperar. O povo moderno, tendo aparentemente perdido esse sentido da espera, parece incapaz de mostrar reconhecimento em relação ao presente, agarrando-se à ilusão que tudo avança segundo o plano preciso de cada ser. Há muitos anos, os japoneses criam que o Monte Unebi, o Monte Miminashi e o Monte Kagu, três montanhas japonesas, eram habitadas por deuses. Essas montanhas ainda existem. Nesses tempos, um homem de negócios tinha comparado as montanhas à batalha que se travava no seu próprio coração. As montanhas eram a expressão do carma humano. Desde então as coisas evoluíram. Takumi e Kayoko, herdando as esperanças desiludidas dos seus avós, desperdiçam as suas vidas. A sua história é universal, parecida com a das inumeráveis almas que se acumulam nesta terra.”
Kawase tem uma trajetória de sucesso em Cannes, seu primeiro filme “Moe no Suzaku” a tornou a cineasta mais jovem a ganhar o Caméra d'Or (prêmio dado a diretos em seu primeiro filme) Em 2007 ela retornou ao festival e saiu premiada novamente, desta vez com o grande prêmio do júri, pelo elogiado “A Floresta dos Lamentos”. Portanto é bom guardar o nome Naomi Kawase como um dos favoritos do festival, vale lembrar que este ano nunca houve tantas mulheres (4 para ser exato) participando da mostra competitiva.
 
"Le Havre"
Aki Kaurismäki saiu vencedor do prêmio do júri em 2002 por “Um homem sem passado” A segunda parte de sua trilogia chamada “Finlândia” Por este filme Kaurismäki também foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, e esse ano apresenta “Le Havre” o filme é sobre Marcel Marx, antigo escritor e boêmio que encontra atualmente exilado por vontade própria na cidade portuária que da nome ao filme. Ele leva uma vida normal ao lado de sua mulher Arletty. Sua vida muda quando uma criança oriunda da África cruza inesperadamente o seu caminho, ao mesmo tempo que sua mulher adoece, Marcel passa a se desdobrar para resolver a nova situação que toma conta de sua vida. Teaser
Bir zamanlar Anadolu'da”
O diretor turco Nuri Bilge Ceylan venceu o prêmio de direção em 2008 pelo filme “3 Macacos” e retorna com Bir Zamanlar Anadolu'da (Once Upon a Time in Anatolia) no trailer divulgado do filme, não é dita uma única palavra, parecendo ser um trabalho mais contemplativo do diretor, a sinopse divulga no site oficial do festival diz: “A vida numa aldeiazinha aparenta-se a uma viagem em plena estepe: a impressão que algo de novo e de diferente vai surgir pro detrás de cada colina, mas sempre nas mesmas estradas monótonas, estreitas, que desaparecem ou persistem, infalivelmente similares...” Ao que parece, esse é mais um filme no festival desse ano em que se estabelece um clima misterioso e não muito claro sobre sua história. Trailer
 
"La Source Des Femmes"
Este aqui me chamou a atenção especialmente por ter uma sinopse bem simples: em uma pequena aldeia entre a região norte da África e o oriente médio uma tradição é seguida há anos, as mulheres são responsáveis por buscar água na fonte, no topo de uma montanha, todos os dias, debaixo de um sol escaldante. Leila uma jovem recém-casada cansa-se do trabalho extremamente duro, e propõe para as outras mulheres uma “greve do amor”, nada de carinhos e sexo, até que os homens assumam a tarefa de apanhar a água. O filme é dirigido por Radu Mihaileanu, diretor romeno que dirigiu também “O concerto” Em um ano com um júri liderado por um americano e com participação de outros dois, a história simples e leve do filme de Radu pode agradar. No meio de tantos temas pesados e até meio complicados "La Source Des Femmes" pode ser um belo descanso, se bem que o cinema não precisa ser simples para ser eficiente, por fim, por trás de uma história simples pode existe uma grande mensagem, e principalmente, um grande filme. Trailer
 
“Polisse”
Falando em mulheres, “polisse” é o último filme entre quatro, a ser citado aqui no blog que é dirigido por uma mulher e está na mostra competitiva. O filme acompanha o cotidiano dos policiais da BPM (Brigada de proteção aos menores) a convivência entre eles, e a dificuldade de lidar com suas vidas pessoais e os casos em que estão trabalhando, e que em sua maioria, também envolvem a família, soma-se a tudo isso a tensão do trabalho em grupo. Maïwenn Le Besco dirige, atua e assina o roteiro. É seu quarto trabalho na direção. O filme é um dos representantes da França, casa do festival. Teaser

“Hearat Shula Yim (Footnote)”
“Os Shkolnik são uma família de investigadores de pai para filho. Enquanto Eliezer Shkolnik, professor purista e misantropo, nunca conseguiu ter sorte na vida, seu filho Uriel é reconhecido pelos seus colegas. Até ao dia em que o pai recebe uma chamada: a academia decidiu recompensá-lo com o prêmio mais prestigioso da disciplina. O seu desejo de reconhecimento revela-se publicamente.” Está é a sinopse divulgada do filme israelense de Joseph Cedar, tramas familiares é um dos temas preferidos do festival, algo que não muda esse ano, estando presente em vários filmes. Joseph Cedar já representou Israel no Oscar em 2004 com o filme “Campo de Batalha” e chegou a figurar entre os concorrentes a vaga de filme estrangeiro em 2008 com “Beaufort” Por este filme também ganhou o urso de prata em Berlim, vamos ver como ele ira se sair em sua estréia em Cannes. Teaser
 
“The Artist”
Outro representante da França, dirigido por Michel Hazanavicius “The Artist” se refere a George Valentin, estrela do cinema mudo que é destinado ao esquecimento com a chegada dos filmes sonoros, Já Peppy Miller, jovem figurante tem sua carreira elevada ao estrelato. Um filme sobre cinema, com um tema que faz lembrar a personagem vivida por Gloria Swanson em “Crepúsculo dos Deuses” a inesquecível Norma Desmond, um atriz em decadência depois da era do cinema mudo. Será que um filme sobre cinema pode ter um apelo especial num júri com vários profissionais do meio? Fazem parte do elenco: john Goodman, Missi Pyle e Penelope Ann Miller como protagonistas, além de James Cromwell, conhecido pela serie de TV “A Sete Palmos” Dica: esse filme tem uns dos mais belos trailers do festival vale a pena ver. Trailer
Link  
“Pater”
Já que o assunto do filme anterior é cinema, é obvio falar sobre o filme de Alain Cavalier, que também se assemelha a “The Artist” em sua nacionalidade francesa. A sinopse é bastante interessante: “Vincent Lindon e Alain Cavalier são amigos como um filho e um pai. Bebem Porto nos bares e perguntam-se que filme poderiam realizar juntos. Filmam-se disfarçados de homens poderosos. Só para ver até onde podem pôr os podem ir. História de rir. História de dormir de pé, confundindo as suas histórias pessoais com uma simples história. E sempre, a questão pertinente e sem resposta do cinema: é verdade ou não?” Estaria Cannes, passando por um momento saudosista? Alain Cavalier é um veterano da “nouvelle vague” com uma carreira de mais de 50 anos, apesar de ser um diretor pouco conhecido fora da frança, já ganhou um César de direção e melhor filme por “Thérèse”

"L’Apollonide – Souvenirs de La Maison Close”
Bretrand Bonello é o ultimo representante francês neste post, em um ano em que a frança parece vir forte novamente ao festival, talvez uma tentativa de trazer a palma de volta para casa, algo que não acontece desde 2008 com “Entre Os Muros da Escola” resta saber se a quantidade vai significar qualidade. Bonello já concorreu à palma em 2003 por seu filme “Tiresia”. Na sinopse do filme, mais uma vez algo é deixado no ar: “No início do século XX, num bordel parisiense, uma prostituta com o rosto marcado por uma cicatriz ostenta um sorriso trágico. Em torno da mulher que ri a vida das outras moças, as suas rivalidades, as suas angústias, as suas dores... Do mundo exterior, não se sabe nada porque a casa está fechada, mas dentro das suas paredes tudo é possível.” Romântico, misterioso, inovador e ao mesmo tempo saudosista, esse é o clima do festival este ano. Trailer

“Michael”
Este filme austríaco encerra meu pequeno resumo sobre os filmes selecionados para concorrer à palma de ouro este ano. O filme possui a mais curta sinopse de todo os filmes concorrentes: O filme descreve os cinco últimos meses da vida comum, forçada, de Wolfgang, de dez anos, com Michael, de 35 anos. Curto, simples, direto. Parece ser essa a proposta do diretor Markus Schleinzer, pouco foi falado, então não há muito que se comentar sobre ele, mas é mais um dos filmes em que a relação entre pessoas é o tema, porém ao que o quase silencioso trailer indica e revela, essa é uma relação de seqüestro. Markus Schleinzer deixou para mostrar mais no filme, que é sua estréia na direção geral, antes trabalhou em vários filmes como diretor de elenco, sendo um parceiro constante de Michael Haneke(vencedor da palma de ouro em 2009 por a fita branca) desempenhou essa função também no filme vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2008 “Os Falsários” Aguardemos sua estréia. Trailer


Nenhum comentário: