quinta-feira, 19 de maio de 2011

Cannes: A Natureza segundo Naomi Kawase

image

Em competição com “Hanezu” a cineasta japonesa, Naomi Kawase, a última das 4 mulheres que concorrem à palma de ouro, utiliza a força da natureza e a nossa ligação com ela como linguagem de expressão em seu novo filme(algo que não é novidade em sua carreira), este formato foi um dos temas mais presentes na seleção deste ano: na competição “A Árvore da Vida” e “Melancolia” simpatizam bastante com está proposta, longos planos mostrando a natureza em ação, a força dos ventos e dos mares, o funcionamento vital do nosso planeta e como ele influencia as nossas vidas. Seja pelo destino apocalíptico mostrado no filme de Von Trier, ao qual o nosso planeta “fraco e indefeso” nada pode fazer, pois se trata de uma força maior, ou então a grandeza da natureza como o sentido real da vida apresentado por Malick. Ambos tem visões diferentes do mundo, porém algo é comum ao dois: o fato que tudo isso é superior e desconhecido por nós.

Kawase, vencedora do grande prêmio do júri em 2007 por “A Floresta dos Lamentos” não se apóia em algo grandioso para mostrar essa identificação com a natureza, nada de apocalipses eminentes nem buscas desesperadas pelo sentido da vida. A história corre em torno de um triângulo amoroso e uma gravidez, numa região mística do Japão, um local em que as relações humanas são sempre marcadas pelo ciclo da vida e da morte, onde a diretora usa uma narração em off para citar poemas antigos, enquanto filma as paisagens dessa região. Como de costume dos Japoneses, existe sempre uma ligação entre o mundo real e o espiritual, este último muito presente neste filme. Kawase também não deixa de lado as milenares tradições do Japão, sempre confrontadas com o presente.

Segundo a crítica, falta em “Hanezu” um polimento maior em suas interpretações, algo que às vezes prejudica a estabilidade do filme.

Não aposto que “Hanezu” é um dos favoritos a Palma de Ouro, até mesmo porque o vencedor anterior do prêmio possui uma certa semelhança com o filme do Naomi Kawase, em um ano que o festival busca renovação, isto pode pesar.

Porém, não descarto a possibilidade que o tema “relação homem/natureza” pela força que teve nesta edição, na competição e em outras mostras, possa dar um fôlego para o filme, ainda mais sendo este filme Japonês, lembrando os fatos recentes que devastaram o país. Se isso acontecer, o filme pode levar prêmios como direção, o grande prêmio do júri, o prêmio do júri, ou até mesmo quem sabe a Palma de Ouro? Uma surpresa, mas que pode acontecer.

image

Nenhum comentário: