domingo, 22 de maio de 2011

Cannes 2011: Os Vencedores

Palma de Ouro: “A Árvore da Vida” de Terrence Malick

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Grande Prêmio do Júri: Empate entre “O Garoto da Bicicleta” de Jean Pierre e Luc Dardenne e “Once Upon a Time in Anatólia” de Nuri Bilge Ceylan

Prêmio do Júri: “Polisse” de Maïwenn

Prêmio de Direção: Nicolas Winding Refn por “Drive”

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Melhor Atriz: Kirsten Dunst por “Melancolia” de Lars Von Trier

Melhor Ator: Jean Dujardin por “The Artist” de Michel Hazanavicius

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Melhor Roteiro: “Footnote” de Joseph Cedar

Camera d'Or (melhor filme de estréia): "Las Acacias" de Pablo Giorgelli

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 Curtas:

Palma de Ouro: “Cross” de Maryna Vroda

Prêmio do Júri: Badpakje 46” de Wannes Destoop

Os vencedores da mostra Um Certo Olhar foram divulgados ainda ontem, e são:

Empatados pelo prêmio principal: “Arirang” de Kim Ki-Duk e “Halt auf freier Strecke” de Andreas Dresen

Prêmio Especial do Júri: “Elena” de Andrey Zvyagintsev

Melhor Roteiro: “Bé Omid é Didar” de Mohammad Rasoulof

sábado, 21 de maio de 2011

Cannes 2011: E a Palma de Ouro vai Para…

Os Filmes que tem chance de levar a Palma de Ouro, e os que não tem também...10

Entre os 11 dias do festival, 10 são totalmente dedicados a exibição dos filmes selecionados, seja na competição(ou fora dela), na mostra um certo olhar, na quinzena dos realizadores ou em qualquer outra mostra. Sem sombra de dúvidas são 10 dias intensos, uma verdadeira maratona que coloca em prova o até os cinéfilos mais “hardcores”

Mas como em qualquer festival sempre há aqueles que se destacam mais do que outros... Existem também os que não agradam e os que passam despercebidos, abaixo a lista daqueles que podem ser premiados, os que podem vir a ser surpresa e os que não tem chance e só podem ganhar devido a uma imensa zebra:

Os Favoritos:

“A Árvore da Vida” é daqueles filmes que viram mania mesmo antes de seu lançamento devido às especulações e falatório geral do público e da imprensa, é do tipo também que pode ser amado ou deixado, o que aconteceu no festival. Uns defendem com unhas e dentes que ele vença e leve a palma, outros destacam que ele não passa de um filme bem realizado e não chega a uma obra-prima. Tanta discussão e a qualidade técnica evidente do filme o colocam entre os favoritos.

“Le Havre” chegou sem chamar muita atenção em meio ao barulho de outros filmes em competição, mas foi um dos poucos que ousaram, mesmo de maneira simples, mostrou uma visão diferente do restante, emocionou, encantou e conquistou a todos presentes no festival. Hoje levou o prêmio da crítica e uma menção do júri ecumênico, forte candidato, principalmente se o júri optar por fugir do clima “pesadão” dos filmes desta edição.

“The Artist” Outro que conquistou pela leveza de uma seleção boa, mas pesada, além disso soma-se as qualidades do filme o forte apelo nostálgico, já que é um filme mudo, em preto e branco e que conta uma história que se confunde com a história do próprio cinema, o que sem dúvidas deve ter agradado muito o júri, não vai ser nenhuma surpresa se levar a Palma de Ouro amanhã, deve no mínimo levar outro prêmio caso isto não aconteça

“La Piel Que Habito” Este aqui entra no time dos filmes pesados que foram muitos nesta edição, mas Pedro Almodóvar, um diretor experiente não se deixou cair na armadilha, não choca de forma gratuita e nem de maneira forçada e plástica, ousou ao pisar em um terreno novo em sua carreira, o que agradou muito. Fora tudo isso a qualidade técnica do filme, conta muitos pontos a seu favor... Almodóvar já chegou perto da Palma de Ouro muitas vezes, mas muitos concordam que está já é dele, será? Eu espero que sim.

“O Garoto da Bicicleta” Os irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne já venceram a palma de ouro duas vezes, é um vantagem, e curiosamente não é, apesar do festival ser diferente das premiações norte americanas, o fator “já levou” sempre pode ser considerado. Por outro lado a direção e o roteiro de extrema qualidade, dos experientes irmãos que nunca saíram de Cannes sem um prêmio, podem reverter à situação a seu favor, o filme foi também bem recebido

“Drive” Quase coloquei esse na segunda categoria, eu diria que ele é favorito em geral, mas um filme de ação, (mesmo que conceitual) é sempre arriscado se falando em Cannes. Mas é forte, elogiado, bem feito, ousado e com grande direção e atuações solidas, não há dúvidas que pode surpreender, ainda mais em um ano em que buscam renovação. E o filme pode agradar De Niro, já que lembra de certa forma o clássico “Taxi Drive”

Chances fortes de surpresa:

"Once upon a time in Anatolia" esse passou despercebido, é um filme complicado, mas foi muito elogiado pelos críticos, sua apresentação no final do “jogo” quando todos se encontravam cansados foi um fator que pesou, mas talvez não para o júri. Enquadra-se também na categoria “filme cabeça acessível” Cannes gosta de filmes assim.

"We Need to Talk About Kevin" se o anterior passou despercebido no final, este que foi apresentado lá no começo, acabou sendo esquecido pela imprensa em suas apostas, mas vale lembrar que arrancou elogios quando exibido, principalmente pra sua direção e a atuação de Tilda Swinton. Ok, pode não ter forças para a palma, mas apostaria em um prêmio de melhor atuação feminina, e quem sabe melhor direção?

“Hanezu” A natureza foi um dos temas principais da seleção deste ano, um filme com qualidade técnica, dirigido por uma diretora de um país devastado recentemente por um tsunami (força da natureza, pensem) pode ganhar prêmios secundários, talvez até o de direção, e quem sabe, talvez uma a Palma de Ouro? Complicado, mas possível!

“This Must Be the Place” diferente e meio excêntrico, pode ser ousado demais para palma, a atuação impecável de Sean Penn e a história do tipo que agrada a todos podem proporcionar surpresas relacionados a ele, até a Palma é possível aqui caso o filme tenha convencido totalmente o júri.

“Habemus Papam” O filme novo de Nanni Moretti, segundo os críticos: “não aproveitou seu potencial por inteiro”, o filme não chegou a se destacar, e dias depois de sua exibição já havia sido esquecido. Mas Moretti já ganhou uma palma, é um diretor celebrado, e sua participação não pode ser descartada, o tema é mais leve também do que outros filmes apresentados nos primeiros dias, pode ter soado bem.

“Melancolia” Lars Von Trier conquistou o público, aplaudido, já se comentava em um prêmio de direção, e quem sabe talvez a Palma de Ouro? Seria a sua segunda talvez, SE minutos depois, ele não tivesse colocado tudo a perder com uma piada infeliz, seu banimento do festival não interfere a campanha do filme segundo a organização, mesmo assim, acho complicado.

Surpresas pouco prováveis para a Palma, mas que podem outros prêmios:

“Polisse” se assemelha ao vencedor de 2008 “Entre os muros da Escola”, mas talvez seja certinho demais, não chamou tanta atenção, nem passou totalmente despercebido.

“Michael” Pesado demais, desceu com um gosto amargo, é um filme de estréia que teve os seus acertos e suas falhas, talvez agrade pelo fato de tocar num tema tabu.

“Footnote” um filme que não se destacou também, embora o tema agrade o festival, é bem realizado e pode conseguir algo secundário. Palma de ouro? Acho que não.

"La Source Des Femmes" Aplaudido e vaiado... conquistou a simpatia de alguns. A direção correta e a história simples, porém profunda, podem agradar.

Sem chances, a não ser que a zebra se solte:

“L’Apollonide”

“Harakiri”

“Sleeping Beauty”

“Pater”

“Footnote”

Os Primeiros Premiados em Cannes

Um dia antes da cerimônia de premiação é costume em Cannes que os júris e mostras paralelas anunciem aqueles que foram escolhidos como melhores da seleção oficial, muitos desses prêmios são alternativos e há espaço até para brincadeira como a Palm Dog:

Hoje o filme finlandês "Le Havre" do diretor Aki Kaurismaki venceu o prêmio da crítica como o melhor da competição, sobre um autor aposentado que ajuda um garoto imigrante ilegal da África a se esconder da policia. “Le Havre” foi um dos mais elogiados do festival, a crítica destacou que esse filme não perdeu a esperança, diferente da maioria do cinema apresentado no festival, o filme é um dos nomes cotados para a Palma de Ouro. Na mostra Un Certain Regard "L'exercise de l'état" de Pierre Schoeller foi o escolhido, e na semana da crítica "Take shelter", de Jeff Nichols saiu vencedor. Vale lembrar que está premiação é concedida pela crítica, e não influencia a decisão do júri principal.

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Já o júri ecumênico, mais conservador e que premia filmes de “causa humanista” escolheu “This Must Be The Place”, de Paolo Sorrentino, como o melhor da mostra competitiva. O júri ainda concedeu uma menção honrosa para o já citado "Le Havre" O prêmio da mostra Un Certain Regard foi para o Francês “Et Maintenant on va où?”

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O júri jovem (Jury-Jeunes) escolheu “La Piel que Habito” do diretor Pedro Almodóvar como o melhor da competição, já na mostra Un Certain Regard, "Martha Marcy May Marlene" de Sean Durkin foi premiado.

A Palm Dog, sem dúvidas o prêmio mais curioso e divertido do festival foi para Uggy, cão da raça terrier que “íntegra” o elenco de “The Artist” de Michel Hazanavicius. O prêmio é concedido para o melhor cão em cena!

A Queer Palm, prêmio destinado ao melhor filme de temática gay que íntegra toda a seleção oficial (Competição, Un Certain Regard, quinzena dos realizados e etc...) , foi para “Skoonheid”, filme sul-africano de Oliver Hermanus.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Pedro Almodóvar na “Pele em que não Habita”

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Pedro Almodóvar é um dos grandes cineastas da atualidade, mesmo sempre fazendo filmes em espanhol e se mantido longe das produções em inglês até hoje, seus filmes sempre chegam a um público grande e ficam em destaque na mídia. Tal sucesso não é por acaso, Almodóvar é diretor de obras-primas como “Mulheres a Beira de um Ataque de nervos”, “Tudo sobre minha Mãe” “Fale com Ela” e “Volver” além de outros grandes filmes, a base de sua obra principal sempre foi o drama, às vezes com muito humor negro e pequenas doses de surrealismo.
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Porém o novo filme de Almodóvar, em competição “La Piel que Habito” é algo novo na carreira do diretor, não é exatamente seu habitat (com perdão do trocadilho), o clima de thriller já esteve em filmes como “Matador” ou “Má Educação”, porém dessa vez acompanhados de suspense e terror, novidade em sua carreira. Em entrevista Almodóvar declarou ter se inspirado em Fritz Lang, e até pensou em fazer um filme mudo e em preto e branco, mas decidiu fazer algo com sua marca, mas com um gênero diferente. O filme marca o reencontro do diretor com Antonio Banderas, depois de 21 anos. Marisa Paredes, uma das antigas musas do diretor, que não trabalhava com ele desde 1999 em “Tudo sobre minha mãe” também retorna neste filme, como a governanta do personagem de Banderas. A novidade no elenco é Elena Anaya, já apontada como a possível nova musa do diretor, sua interpretação no papel da garota que é mantida refém por Banderas foi elogiada hoje, quando o filme foi apresentado no palácio dos festivais.
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Aliás, o filme foi muito aplaudido e elogiado, entre os principais comentários a favor do filme a ousadia e originalidade foram louvadas, fugindo da mesmice que o festival pareceu apresentar depois de sua metade, por causa disto, a quem diga que o filme pode ser considerado um dos favoritos a Palma de Ouro, assim como “A Árvore da Vida” e “The Artist”
O Brasil aparece no filme, citado duas vezes, em uma delas sobre a origem da família do filme, que veio do Brasil, onde até uma fantasia de carnaval entra em cena, a outra quando a música “Pelo Amor de Amar” é usada como parte da trilha.
Essa é a quarta participação de Almodóvar em Cannes, que já ganhou prêmios de direção e roteiro, mas nunca levou a Palma de Ouro, não restam dúvidas que seu nome é uma das fortes apostas desse festival, principalmente se o júri decidir surpreender fugindo da comentada palma para “A Árvore da Vida”. E apesar de não ter visto o filme, sei que irá ser merecido.
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PS: qualquer elogio demasiado ao diretor não é mera coincidência, sou suspeito ao falar de Almodóvar.

Cannes: A Natureza segundo Naomi Kawase

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Em competição com “Hanezu” a cineasta japonesa, Naomi Kawase, a última das 4 mulheres que concorrem à palma de ouro, utiliza a força da natureza e a nossa ligação com ela como linguagem de expressão em seu novo filme(algo que não é novidade em sua carreira), este formato foi um dos temas mais presentes na seleção deste ano: na competição “A Árvore da Vida” e “Melancolia” simpatizam bastante com está proposta, longos planos mostrando a natureza em ação, a força dos ventos e dos mares, o funcionamento vital do nosso planeta e como ele influencia as nossas vidas. Seja pelo destino apocalíptico mostrado no filme de Von Trier, ao qual o nosso planeta “fraco e indefeso” nada pode fazer, pois se trata de uma força maior, ou então a grandeza da natureza como o sentido real da vida apresentado por Malick. Ambos tem visões diferentes do mundo, porém algo é comum ao dois: o fato que tudo isso é superior e desconhecido por nós.

Kawase, vencedora do grande prêmio do júri em 2007 por “A Floresta dos Lamentos” não se apóia em algo grandioso para mostrar essa identificação com a natureza, nada de apocalipses eminentes nem buscas desesperadas pelo sentido da vida. A história corre em torno de um triângulo amoroso e uma gravidez, numa região mística do Japão, um local em que as relações humanas são sempre marcadas pelo ciclo da vida e da morte, onde a diretora usa uma narração em off para citar poemas antigos, enquanto filma as paisagens dessa região. Como de costume dos Japoneses, existe sempre uma ligação entre o mundo real e o espiritual, este último muito presente neste filme. Kawase também não deixa de lado as milenares tradições do Japão, sempre confrontadas com o presente.

Segundo a crítica, falta em “Hanezu” um polimento maior em suas interpretações, algo que às vezes prejudica a estabilidade do filme.

Não aposto que “Hanezu” é um dos favoritos a Palma de Ouro, até mesmo porque o vencedor anterior do prêmio possui uma certa semelhança com o filme do Naomi Kawase, em um ano que o festival busca renovação, isto pode pesar.

Porém, não descarto a possibilidade que o tema “relação homem/natureza” pela força que teve nesta edição, na competição e em outras mostras, possa dar um fôlego para o filme, ainda mais sendo este filme Japonês, lembrando os fatos recentes que devastaram o país. Se isso acontecer, o filme pode levar prêmios como direção, o grande prêmio do júri, o prêmio do júri, ou até mesmo quem sabe a Palma de Ouro? Uma surpresa, mas que pode acontecer.

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