quarta-feira, 18 de maio de 2011

Cannes 2011: A Metade do Festival

5° Dia:

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Depois de 4 dias intensos na Croisette, com filmes que em sua maioria traziam temas pesados, “The Artist” do diretor Michel Hazanavicius foi um alivio para presentes em Cannes. O filme é mudo e em preto e branco, totalmente nostálgico “The Artist” se passa em 1927 focado em George Valentin, um astro do cinema mudo que se vê destinado ao esquecimento com a chegada dos filmes sonoros, Em contrapartida, Peppy Miller, uma jovem figurante será impulsionada ao estrelato.

O filme foi bastante aplaudido, a crítica destacou o ótimo uso do humor no filme, que é capaz de prender e encantar o espectador até o final. As interpretações foram elogiadas assim como os aspectos técnicos do filme. Diante do impacto totalmente positivo que o filme causou ele já é um concorrente forte a Palma de Ouro, ou até mesmo outros prêmios, a trama nostálgica sobre cinema deve agradar ao júri, assim como fez com a crítica.

Também em competição, foi exibido “O Garoto da Bicicleta” (Le Gamin Au Velo) o novo filme dos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne, os diretores que já estão na sua quinta participação no festival, nunca saíram sem um prêmio, entre eles, duas Palmas de Ouro. E se depender da crítica não vai ser diferente para “O Garoto da Bicicleta” o filme, juntamente a “The Artist” foi o mais elogiado até então. Esse também está sendo considerado o trabalho mais leve dos diretores, com um clima mais confortável para os que não estão habituados com o trabalho dos diretores, o roteiro e sua coerência também foram alvo das críticas positivas. Na trama, Cyril, um garoto de 12 anos está disposto a encontrar o pai que o abandonou em um orfanato, conhece por acaso Samantha, a dona de um salão de beleza que o acolhe em sua casa nos fins de semana, e logo desenvolve um amor pelo garoto, mas, Cyril não percebe este amor, o amor que ela tanto precisa para acalmar sua cólera.

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Já na mostra Un Certain Regard foi exibido “Martha Marcy May Marlene” um filme que deixou ótima impressão ao ser exibido em Sundance, o drama forte tem como seu principal destaque a interpretação de Elizabeth Olsen, que está sendo bastante elogiada pela crítica, e já é apontada como uma das revelações do ano. No Filme, Depois de ter escapado a uma seita e ao seu carismático líder (John Hawkes), Martha (Elizabeth Olsen) tenta reconstruir-se e reviver uma vida normal. Procura ajuda junto da sua irmã mais velha, Lucy (Sarah Paulson), e do seu cunhado (Hugh Dancy) com quem tinha cortado relações, mas é incapaz de lhes confessar a verdade sobre a sua longa desaparição. Martha está persuadida que a sua antiga seita persegue-a obstinadamente. As recordações que a atormentam transformam-se em paranóia pavorosa e a fronteira entre a realidade e a ilusão embrulha-se pouco a pouco...

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6° Dia

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Talvez o dia mais esperado do festival devido à exibição do novo projeto de Terrence Malick, “A Árvore da Vida”, certamente foi o mais aguardado do festival em virtude de toda a “mitologia” criada em torno do filme, Após sua exibição o filme foi bem aplaudido, mas ainda assim vaiado por alguns. A crítica também se dividiu, a maioria foi positiva, destacando que o filme é uma experiência única, as criticas “negativas” questionavam a coesão do filme e que ele valeria mais como uma experiência visual.

A “Variety” escreveu que Malick é um dos poucos cineastas americanos que hoje “estão tão receptivos ao esplendor da natureza” ainda citou que o filme é o mais simples do cineasta, ao mesmo tempo em que é um dos mais desafiantes de sua carreira. E que o filme vai agradar especialmente aos fãs fervorosos do diretor. Algo é certo, o filme de Malick é um dos grandes filmes do ano, há quem diga que já é forte concorrente ao Oscar de melhor filme, outros comparam Malick a Kubrick, que também demorou a ter sua genialidade reconhecida. Sendo gênio ou não, Malick, fez algo que o festival busca ter de volta neste ano, filmes que causem impacto, opiniões, e que principalmente chamem a atenção e elevem o status do festival, sendo assim “A Árvore da Vida” é um dos grande favoritos a Palma de Ouro, e Malick ao prêmio de direção.

O outro filme em competição “L’apollonide (Souvenirs de la maison close)” de  Bertrand Bonello, por sua vez não chamou tanta atenção, nem conquistou a crítica, considerado o mais fraco até o momento na competição. O filme se passa no início do século XX, em um bordel parisiense, uma prostituta com o rosto marcado por uma cicatriz, ostenta um sorriso trágico, ao seu redor as outras mulheres, com suas rivalidades, angustias e dores... Do mundo exterior, não se sabe nada porque a casa está fechada, mas dentro das suas paredes tudo é possível. L’apollonide, não chegou a ser vaiado, mas também não foi aplaudido, entre os problemas que foram destacados pela imprensa, um dos mais citados foram as escolhas equivocadas do diretor para o desenrolar do filme, além de um elenco mal aproveitado.

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Na mostra Um Certo Olhar, “Hors Satan”, de Bruno Dumont, também não se saiu bem, o ritmo do filme foi criticado por ser excessivamente lento. Alguns críticos questionam a seriedade de Dumont pela estranheza em que os personagens são retratados. Muitas pessoas abandonaram a sessão antes do fim filme, e os poucos que restaram aplaudiram timidamente o filme.

7° Dia

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O grande destaque do sétimo dia na Croisette, foi a homenagem em reconhecimento da carreira de Jean-Paul Belmondo, o ator ícone da nouvelle vague recebeu uma Palma das mãos de Gilles Jacob. Belmondo declarou “Estou emocionado com esta Palma de Ouro, que me vai direto ao coração. Quero agradecer a todos os que estão aqui, os que conheço e os que não conheço. Um grande obrigado do fundo do meu coração!”

Em competição, “Le Havre” de Aki Kaurismäki encantou Cannes e conquistou a crítica, e já está sendo apontado como um dos preferidos juntamente com “The Artist” e “A Árvore da Vida”. O filme que é sobre um escritor aposentado que ajuda um garoto que imigrou clandestinamente da África para a Europa, com o objetivo de chegar até Londres encontrar com a sua mãe, ele desembarca na cidade portuária de Havre onde vive o escritor aposentado em seu auto-exílio. Um dos pontos altos do filme segundo a crítica é que mesmo tratando de um assunto sério como a imigração ilegal, “Le Havre” faz isso de maneira leve, sem tentar chocar e sem ser ambicioso em sua intenção. O mesmo que ocorre em “The Artist” Segundo o Awards Daily “esté é um daqueles filmes que nos fazem sorrir continuamente, renovando a nossa fé na bondade humana, nem que seja somente por umas horas.”

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Também em competição “Pater” de Alain Cavalier, o filme é um experimento de metalinguagem, onde o diretor brinca: cinema ou teatro? Verdade ou ficção? Ele e o ator Vincent Lindon ficam neste “jogo” enquanto debatem sobre política francesa com um certo tom de humor, o filme não foi uma unanimidade, alguns gostaram, elogiaram seu formato pouco convencional, outros o acharam meio bobo, mas a recepção em geral foi positiva.

“No final deste filme, Emília morre e Júlio encontra-se sozinho. Na realidade, Júlio já estava sozinho muitos anos antes da morte de Emília. Mas o que importa é que no fim, Emília morre e Júlio não. Júlio vive e Emília não. O resto é apenas ficção.”

Está é a sinopse de “Bonsai” (que me chamou a atenção particularmente) que debate a vida e a literatura. O filme foi exibido na mostra secundaria Un Certain Regard, e recebeu criticas positivas.

E fora de competição o filme “Um Novo Despertar” (The Beaver) de Jodie Foster(seu terceiro como diretora) foi bastante aplaudido e elogiado. Foster conta a história de Walter Black(Mel Gibson) um executivo em crise que se recusa a se comunicar com a família e amigos, e passa a falar somente através de um fantoche de um castor, que foi encontrado ocasionalmente, esse fantoche é seu meio de enfrentar os problemas que o atormentam. Foster, faz o papel de sua esposa. Gibson, teve sua interpretação elogiada, assim como Jodie Foster como diretora de “planos fortes” segundo a crítica.

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